Em 2004, uma empresa de consultoria norte-americana fez uma análise cross-countries sobre os impactos da corrupção no mundo dos negócios em sete países. O estudo foi chamado de Business Attitudes to Corruption. Os dados recolhidos na análise chocaram o Brasil, 42% dos empresários brasileiros revelaram a perda de algum negócio para a propina paga por concorrentes. Essa mesma informação internacional apareceu em uma pesquisa nacional do Ibope realizada em 2005, 40% dos entrevistados reconheciam a corrupção como fator prejudicial ao crescimento da economia brasileira. Esse índice ficou ainda mais alto de 2005 para 2006, 62% dos entrevistados reconheceram que a corrupção trava a economia brasileira.
Além de provocar desperdício e ineficiência na máquina pública, estabelecer concorrência desleal, ferir o livre comércio e agredir o livre mercado, a corrupção onera os investimentos da iniciativa privada, aumentando os custos em praticamente todos os setores.
No Brasil, as estimativas mais conservadoras apontam que as licitações envolvem valores em torno de 8,7% do PIB. Desse total, 1,6% são licitações do Governo Federal; 1,5% dos Governos Estaduais; 2,1% dos Governos Municipais e 3,2% das empresas públicas.
Os prejuízos são tantos que nos últimos anos muitos institutos tentam calcular quanto custa a corrupção no Brasil, a maioria apresentando números bastante espetaculares.
Na estimativa dos economistas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, FIESP, o prejuízo estaria na ordem dos R$ 41 bilhões/ano.
No cálculo da Fundação Getúlio Vargas, a corrupção varia entre 1% a 4% do PIB brasileiro/ano, hoje na casa dos US$ 2 trilhões.
Na Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Fazenda calculam que o rombo, só nas licitações viciadas (licitações com combinação de preços, cartel, fraudes) o prejuízo aos R$ 20 bilhões/ano.
Nos órgãos de fiscalização e controle das contas públicas, estima-se desvios de 25% em média nos recursos transferidos para as prefeituras.
Na Controladoria Geral da União, CGU, as contas de três a cada quatro prefeituras fiscalizadas, percentual de 75%, apresentam irregularidades de graves a médias ou indícios de desvios de recursos públicos federais.
O maior dano de uma economia corrupta é a má alocação dos recursos. De 2002 a 2008, segundo estes órgãos de fiscalização e controle, foram efetivamente contabilizados desvios de R$ 40 bilhões dos cofres da República, média de R$ 6 bilhões/ano, número que discrepa bastante e rebaixa em muito a estimativa da FIESP e da FGV, indicando que ou existe muito boato ou há mais corrupção que o sistema nacional de fiscalização e controle consegue processar.
O mais interessante nesses bilhões é perceber que a corrupção está sem malha fina. Os corruptos apertam a tecla F5 e atualizam as formas de corrupção todos os dias. Sabem como andar nos labirintos sem deixar marcas nas paredes dos três poderes. Conhecem as zonas de decisão no Executivo, os bastidores do Judiciário e jogam muito bem com o financiamento eleitoral dos membros do Legislativo.
A rigor, não se sabe qual é mesmo a realidade. Sabe-se que a corrupção existe e tem extensões nacionais. Em somente um escândalo, o das sanguessugas, por exemplo, mais de 500 prefeitos estavam diretamente envolvidos, o que representa quase 10% dos municípios brasileiros.
Entre 2003 e 2010, só a CGU encaminhou ao Tribunal de Contas da União, TCU, mais de 12 mil Tomadas de Contas Especiais, envolvendo ações de retorno aos cofres públicos de valores da ordem de R$ 7,3 bilhões. Entre 2005 e 2010, a Polícia Federal realizou cerca de 1,5 mil operações com 17 mil prisões efetuadas.